segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Ainda amor

Visto seu toque. Me escondo pela sua pele. E teu pelo encosta no meu corpo e me faz cocegas de um jeito tão louco que me perco no frenesi do teu gosto e o tempo se perde na verdade do presente...

Meus dedos preenchem o teu cabelo embaraçado e minha respiração parece se perder pelo meu peito.

Não sinto dor, nem amor. Mal sinto o nada ou quase nada.

Nado no meu mar vazio na minha falta de palavra e no oco do que sinto. Eu voo e me busco em alto mar sem corpo e sem cabelo e sem meus dedos que ficaram aqui pra te escrever uma frase qualquer. Repetida, provavelmente dita por minha boca com dentes que morde o lábio querendo lamber o teu. O mar salgado se enche da minha saliva e tua boca distante ainda não sabe nadar na minha. Eu faço nó do que vejo e seguro na imaginação que é o seu fio de cabelo, preso na minha blusa porque o tempo quis assim. A cor é diferente do meu, mas é fio.

A comida tem sabor. Os dias também e eu sinto que por mais que eu não viva qualquer sonho que eu transforme em coisa ou passo estará ali e esfriará com o tempo. Os dias se mudam o que é agora, no amanhã já vive no passado.

Eu ando sem sal.

Os seus dedos: um pedaço do caminho que eu não criei. Você desfaz a rota quando a minha pele as vezes arranha na sua unha e pareço gostar da dor. Ela me prende, me faz imaginar onde está a tesoura pra aparar um pedaço que me machuca, unha, dedos, medos, cabelo.

E ter os seus dedos pra juntas com os meus. E ter seus restos do corpo pra guardar nas paredes do meu quarto.
Tudo é você. Tudo é ar ou arte.

Você me esconde de outras vistas e eu me encontro na parte de dentro, encolhida, sem saber dar passo. A perna entorta e de pena ela morre.
Sem saber se o ar que respira contaminou todo o resto do corpo ou se esqueceu de respirar porque se prendeu no que via e ouvia e se esqueceu de se viver.

De pena ela morreu e não quis só ser no só do que existiu. Passado ficou a poeta.

Não morreu de dor. Nem de sentir. Morreu por que sentiu pena do nada. E não sabia nadar em si.

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