domingo, 22 de fevereiro de 2015

Conto de conta

Estava escrevendo a historia errada. A hora trocou o fuso e eu fiquei lá.
Parada, sem respirar direito como se tudo não tivesse mais vida.
Perdi a beira, errei a curva e o corpo bateu no meio fio.
Tudo correu de mim, perdeu a cor e desencontrou o acaso.

E acaso foi nao te ter. Não te engolir com meus olhos e não achar o dia nas paginas seguintes. Eu só vi a mim e um copo de alguma coisa com formiga em cima da pia.

Era, uma vez.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Passagens


Era um papel em branco

e mesmo céu atravessava a janela

Eu via tudo com mais luz que o normal...

Agora tudo estava claro,
eu estava indo embora e deixei a janela

aberta

pra que a nuvem se lembrasse de mim.




Esperando chegar...

Lavaram demais o queijo. Adoçaram demais o café. Deixaram a torneira aberta e não levaram os óculos pro homem que precisa ler e mal enxergava.

Ficou a ver os pés secos porque não teve coragem de nadar pelado.

Nu, como veio ao mundo. Quente como se merecesse o inferno.

E todo mudo dizia em pensar. E toda estátua fazia a pose que sabia fazer. E falavam as bocas em volta de seus ouvidos cintilantes:

"A boba nasceu pra ficar parada."

Até o mudo de alguma forma também dizia  mal da estátua.

Tudo saiu do lugar no momento em que abri os olhos e não reconheci onde estava. Não existia mais o bolso pra esconder as mãos. Não existiam dedos pra guardar anel.

Vestiram minha alma com a roupa que meu corpo usava. E meu corpo eu não via. Não tinha espelho nem reflexo no olhos dos outros.

Cadê o outro lado? Cadê a estatua de ferra que não te voz? Cadê os cachorros sem dono e a minha casa?

No bloco não tinha ninguém que soubesse cantar e tocar. Todos gritavam por nomes e não se reconheciam pela voz;

nem pela alma.

Ainda esperava alguém que soubesse explicar,
Ainda
esperavam o bloco passar... e já nem era mais carnaval.



BRU

[ A esperar alguém que limpe a sujeira que o quebrar da caneca fez.. Tem café por todo quarto. Esse alguém sou eu. ]