terça-feira, 3 de março de 2015

Frio na barriga

Tinha que ser só isso a sobrar no mundo: Frio na barriga. Em vez tem a fome no estomago e o frio nos dedos. Mas pouco importa, todos morrem e o que sobra no depois: Finalmente, frio na barriga.

E enquanto os olhos atravessam tudo que a vida trás vem junto a escolha de não sentir o que se faz. Ou fingir pro seu eu que sim, está tudo como deveria ser.

O que é real encosta na parede do seu quarto e pinta um quadro sem cores. Só com as marcas dos seus dedos sujos de mim. Só as marcas dos pés que calçaram um dia a pegada do meu. Só as marcas da minha boca no seu ombro enquanto pensava em não dizer o que sentia... e o frio... E os meus olhos fazendo desse quadro lembrança de alguns dias que conversamos pelados de vergonha, sonhando com o acordar.

E eu não desperto.

E tudo isso é frio na barriga. A expectativa de te ver passar sem combinar a hora e toda aquela falta de palavras quando a boca sobra demais e a gente acaba beijando.

Então, a gente olhava com os olhos da alma e tentava não inventar o tempo, nem o teto, nem os filhos, nem os acordos.
Eu conhecia a musica sem ouvir e você o verso sem eu dizer palavra alguma.

As vezes eu entendo demais meus sentimentos e te mostro, mas te encontro em mim, no meu contratempo que não é pra ser mostrado, mas você percebe e ainda me vê com as cores que inventa.
Não, não permito saber que cor eu usei pra escrever essas palavras e nem se meu coração doeu quando eu soube do teu agora.

O que eu quero que saiba é que ainda te vi passar, mas você não viu... Tava prestando atenção na nuvem que cobriu a luz da lua e deixou tudo breu. Eu morei no breu.  Fiz casa, plantei no escuro e ainda não nasceu. Morei no breu que pintei com a falta de palavras pra escrever poesia.
E tu ainda me fez inspirar de olhos fora do meu e o coração ainda em mim. Porque ainda assim, sinto, frio na barriga.

BRU

Sem café, vou fazer um...


Um pouco de poesia pra matar a saudade de mim..

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